“A paralisia cerebral é definida como uma desordem do movimento e da
postura devido a um defeito ou lesão do cérebro imaturo” (...). A lesão cerebral
não é progressiva e provoca debilitação variável na coordenação da ação
muscular, com resultante incapacidade da criança em manter posturas e
realizar movimentos normais. Esta deficiência motora central está
freqüentemente associada a problemas de fala, visão e audição, com vários
tipos de distúrbios da percepção, um certo grau de retardo mental e/ou
epilepsia” (BOBATH, 1984, p.1)
De uma forma mais simplificada podemos dizer que paralisia cerebral (PC) é uma
deficiência motora ocasionada por uma lesão no cérebro.
Quando se diz que uma criança tem paralisia cerebral significa que existe uma deficiência
motora conseqüente de uma lesão no cérebro quando ele ainda não estava completamente
desenvolvido.
Entendendo melhor: ao contrário do que o termo sugere, “paralisia cerebral” não
significa que o cérebro ficou paralisado. O que acontece é que ele não comanda corretamente
os movimentos do corpo. Não manda ordens adequadas para os músculos, em conseqüência
da lesão sofrida.
Na criança com paralisia cerebral deve-se perceber como dificuldades típicas as
seguintes características: alterações no desempenho motor ao andar, ao usar as mãos para
comer, ao escrever, ao se equilibrar, ao falar, ao olhar ou qualquer outra atividade que exija
controle do corpo e coordenação motora adequada, assim como comprometimentos das
funções neurovegetativas (sucção, mastigação e deglutição).
Além das dificuldades motoras, essas crianças podem apresentar deficiências sensoriais
e intelectuais, ou seja, dificuldades para ver, ouvir, assim como para perceber as formas e
texturas dos objetos com as mãos. Pode ainda estar afetada a noção de distância, direita e
esquerda, de espaço, etc. Essas dificuldades podem se combinar das mais variadas maneiras,
nos mais diversos graus de gravidade, segundo a área do cérebro atingida e a extensão da
lesão. Dessa forma, uma criança poderá ter a movimentação pouco afetada e apresentar
sérias dificuldades intelectuais, como pode também acontecer o contrário.
É importante ressaltar que, mesmo com muitas definições dadas ao termo paralisia
cerebral, todos os autores assinalam algumas características de fundamental importância
para a compreensão dessa disfunção cerebral:
• Paralisia cerebral não é doença, mas uma condição especial, que freqüentemente
ocorre em crianças antes, durante ou logo após o parto, e quase sempre é o resultado
da falta de oxigenação no cérebro.
• Os efeitos da paralisia cerebral variam grandemente de pessoa para pessoa. Na forma
mais leve, a PC pode resultar em movimentos desajeitados ou em controle deficiente
das mãos. Na sua forma mais severa, a PC pode resultar em falta de controle muscular,
afetando profundamente os movimentos globais e a fala.
• Paralisia cerebral é um termo genérico para descrever um grupo heterogêneo de
déficits motores. Várias classificações são utilizadas para descrever tais déficits. De
uma forma geral, deve ser feita por tipo clínico e pela divisão da localização da lesão
no corpo ( Souza, 1998).
Classificação por tipo clínico
Esta classificação tenta especificar o tipo da alteração de movimento que a criança
apresenta:
1 - Espástica: Os músculos são muitos tensos, o que limita ou impossibilita os movimentos
do corpo. A criança espástica é dura demais para mover-se, todo movimento é lento e exige
um grande esforço. É o tipo mais comum de paralisia cerebral;
2 - Extrapiramidal: A lesão ocorreu em uma região do cérebro chamada núcleos da base.
Os músculos possuem um grau de tensão variável, o que resulta em uma realização de
movimentos indesejáveis, involuntários. É o segundo tipo mais comum de paralisia cerebral
e pode ser dividido em:
2.1 - Atetóide: Há variação no grau de tensão dos músculos das extremidades do corpo
(em relação aos braços, essa variação ocorre nas mãos), levando à realização de movimentos
lentos, contínuos e indesejáveis, que são muito difíceis de dosar e controlar. A criança atetóide
tem grande dificuldade de realizar o movimento voluntário e manter a mesma postura por
muito tempo;
2.2 - Coréico: Há variação no grau de tensão dos músculos das raízes dos membros
(em relação ao braço, esta variação ocorre nos ombros), levando à realização de movimentos
rápidos e indesejáveis. A criança coréica pode ter dificuldade para realizar o movimento
voluntário;
2.3 - Distônico: Há um aumento repentino da tensão do músculo, levando à fixação
temporária de um segmento do corpo em uma postura extrema;
3 - Atáxico: A lesão ocorreu em uma região do cérebro chamada cerebelo, responsável,
entre outras coisas, pelo equilíbrio. Os movimentos são incoordenados e bruscos. Pode haver
a presença de um certo tremor. A criança atáxica tem dificuldade em manter uma postura
parada. É um tipo raro de paralisia cerebral.
Cabe ressaltar que é muito comum haver uma combinação desses tipos de paralisia cerebral
apresentados, caracterizando o que alguns autores chamam de paralisia cerebral mista.
Dependendo da localização do corpo que foi afetada, os tipos abaixo apresentam
subdivisões que poderíamos chamar de anatômicas:
Diparesia: Quando os membros superiores apresentam
melhor função do que os membros inferiores, isto é,
quando eles apresentam menor acometimento.
Hemiparesia: Quando apenas um lado do corpo é
acometido, podendo ser o lado direito ou esquerdo.
Tetraparesia: Quando os quatro membros estão
igualmente comprometidos;
Para evitar confusão, não usamos termos que o leitor pode encontrar em outras
publicações, como paraplegia, triparesia, dupla hemiplegia, etc. Todos são termos adicionais
que muitas vezes tornam o diagnóstico confuso; estas classificações também baseiam-se no
local do corpo acometido.
A classificação por severidade do comprometimento motor, isto é, leve, moderado e
severo ou grave, é geralmente usada em combinação com a classificação anatômica e a
clínica: por exemplo hemiparesia espástica grave (SOUZA & FERRARETTO, 1998).
DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO • DEFICIÊNCIA FÍSICA-MEC/2006- BRASÍLIA-DF
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