Segundo Wilson (1971), grande parte das crianças que têm deficiências físicas é
beneficiada com somente algumas modificações no ambiente físico, nos materiais
e equipamentos utilizados para a atividade escolar.
1. Não apresentam deficiências mentais e podem aprender através dos mesmos
métodos empregados com crianças não deficientes. Portanto, métodos especiais
de ensino só são necessários para as crianças cujas deficiências físicas
sejam complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões
neurológicas.
2. Não requerem revisões drásticas de currículo. Podem ser necessárias certas
adequações em programas de estudo, sobretudo nos casos em que a deficiência
é permanente e influenciará grandemente a aptidão vocacional e social
futura. A falta de experiências comuns, a ausência às aulas e a necessidade
de produzir lentamente podem aumentar o tempo requerido para completar
os cursos previstos. Um currículo rígido, inflexível, certamente falhará em
satisfazer as necessidades desses alunos, mas não há razão para que a habilidade
e a flexibilidade dos professores e administradores educacionais não
resultem em soluções satisfatórias para a maioria dos problemas escolares.
3. De modo geral, a finalidade da educação é a mesma, em essência, tanto para
os alunos portadores de deficiência, como para os não deficientes. Pode, entretanto,
se mostrar necessário que se elabore um plano de ensino específico
para uma determinada criança, em função de sua condição física e na medida
em que esta última continue a ser um fator limitativo de sua capacidade...”
A autora continua sugerindo, dentre as adequações mais comumente necessárias:
Modificações nos recursos físicos dos prédios escolares
1. Colocação de pequenos degraus inclinados ou rampas.
2. Colocação de corrimões próximos a bebedouros, a assentos dos banheiros e
à lousa.
3. Remoção de carteiras, de forma a possibilitar a passagem de cadeira de rodas,
ou facilitar a locomoção de alunos com muletas.
4. Modificação, no mobiliário, de forma a promover maior conforto a crianças
que usam tipóia, órteses e próteses.
5. Tapetes antiderrapantes, nas áreas escorregadias.
6. Portas largas.
7. Cantos arredondados no mobiliário.
Modificações na sala de aula
1. Forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar
a escrita para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação
motora, espasticidade.
2. Colocar canaletas de madeira ou de P.V.C. cortado ao meio, em toda a volta
da carteira, para evitar que os lápis caiam ao chão.
3. Providenciar suportes para livros.
4. Providenciar um vira-páginas mecânico.
5. Providenciar assentos giratórios nas carteiras, para facilitar o movimento de
levantar e de sentar.
6. Providenciar descanso para os pés.
7. Providenciar extensões adicionais com dobradiças em carteiras, para crianças
que têm pouco equilíbrio para permanecer sentadas.
8. Aumentar o calibre do lápis, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou ainda
espuma, para facilitar a preensão.
9. Providenciar equipamentos como cadeiras ajustáveis, mesas que podem ser
erguidas, estabilizadores, mesas talhadas, enfim, mobília que atenda problemas
específicos de levantar e de sentar.
10. Providenciar ajudas técnicas conforme as necessidades do aluno.
Adequações de Recursos Educacionais
Como com qualquer outro aluno, o professor deverá estar atento ao processo
de ensino e aprendizagem, para identificar as necessidades peculiares do aluno
com deficiência física.
Crianças com lesões cerebrais às vezes apresentam dificuldades nas funções
perceptuais, tais como discriminar cor, forma, número, tamanho, natureza e
semelhança de objetos. Neste caso, deve-se acrescentar objetivo (s) educacional
(is) para esse aluno em particular, com o (s) correspondente (s) conteúdo (s) de
estimulação psicomotora.
Crianças que apresentem dificuldades de apreensão de conceitos podem ser
auxiliadas nesse processo se o professor planejar o ensino organizando objetos
em categorias, enfatizando os aspectos e/ou itens relevantes em um contexto,
privilegiando experiências concretas antes de proceder ao estágio abstrato do
trato dos símbolos numéricos, por exemplo.
“Auxílios sinestésicos, tais como números para recortar, ou de lixa, que podem
ser percebidos pelo tato, podem também ser bons auxiliares do ensino. Pode-se
usar cores para fazer sobressair às configurações e auxiliar, assim, a percepção
dos objetos e textos”. (Wilson, 1971)
Ainda outras recomendações são feitas, no sentido de se analisar os objetivos
educacionais e por conseqüência, os conteúdos a serem trabalhados com o aluno,
visando sempre lhe favorecer o exercício de participação no debate de idéias e
no processo decisório quanto a sua própria vida e à vida da comunidade. Assim,
pode ser útil favorecer ao máximo o enriquecimento de sua experiência de vida,
através de: “1. integração íntima com a vida da escola 2. Estimulação de interesses
e orientação à criatividade nas atividades de recreação 3. Estimulação da
iniciativa e da capacidade de liderança do aluno 4. Estimular a experiência da
vida na comunidade 5. Estimular a ampla utilização das bibliotecas públicas e
da escola” (Wilson, 1971).
No que se refere às atividades de leitura, recomenda-se que esta seja estimulada,
respeitada as adequações que se fazem necessárias. A leitura silenciosa, por exemplo,
pode se tornar fonte de prazer, estímulo do pensamento criador e via de acesso
a ilimitadas oportunidades de experiência pessoal para a criança com grandes
dificuldades motoras de comunicação oral.
A criança que tem grandes dificuldades de desenvolver uma comunicação oral
funcional pode ser bastante beneficiada por formas alternativas de comunicação
social, tais como: por escrito, através do uso de quadros de conversação (cadernos
de signos, livros de comunicação, os quais são cadernos ou livros que contêm
figuras correspondentes a substantivos, adjetivos, verbos, advérbios mais comumente
utilizados na linguagem coloquial do cotidiano), através do uso de caixas
de palavras com figuras, de máquinas de escrever, de computador.
“O professor ativo e criador é capaz de encontrar várias maneiras para favorecer o
desenvolvimento da coordenação física, à medida que a aprendizagem acadêmica
do aluno progrida. Equipamento especial pode também ser pensado, e organizado,
com o auxílio de um fisioterapeuta ou de um terapeuta ocupacional”.
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