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O que é paralisia cerebral?

“A paralisia cerebral é definida como uma desordem do movimento e da
postura devido a um defeito ou lesão do cérebro imaturo” (...). A lesão cerebral
não é progressiva e provoca debilitação variável na coordenação da ação
muscular, com resultante incapacidade da criança em manter posturas e
realizar movimentos normais. Esta deficiência motora central está
freqüentemente associada a problemas de fala, visão e audição, com vários
tipos de distúrbios da percepção, um certo grau de retardo mental e/ou
epilepsia” (BOBATH, 1984, p.1)
De uma forma mais simplificada podemos dizer que paralisia cerebral (PC) é uma
deficiência motora ocasionada por uma lesão no cérebro.
Quando se diz que uma criança tem paralisia cerebral significa que existe uma deficiência
motora conseqüente de uma lesão no cérebro quando ele ainda não estava completamente
desenvolvido.
Entendendo melhor: ao contrário do que o termo sugere, “paralisia cerebral” não
significa que o cérebro ficou paralisado. O que acontece é que ele não comanda corretamente
os movimentos do corpo. Não manda ordens adequadas para os músculos, em conseqüência
da lesão sofrida.
Na criança com paralisia cerebral deve-se perceber como dificuldades típicas as

seguintes características: alterações no desempenho motor ao andar, ao usar as mãos para
comer, ao escrever, ao se equilibrar, ao falar, ao olhar ou qualquer outra atividade que exija
controle do corpo e coordenação motora adequada, assim como comprometimentos das
funções neurovegetativas (sucção, mastigação e deglutição).
Além das dificuldades motoras, essas crianças podem apresentar deficiências sensoriais
e intelectuais, ou seja, dificuldades para ver, ouvir, assim como para perceber as formas e
texturas dos objetos com as mãos. Pode ainda estar afetada a noção de distância, direita e
esquerda, de espaço, etc. Essas dificuldades podem se combinar das mais variadas maneiras,
nos mais diversos graus de gravidade, segundo a área do cérebro atingida e a extensão da
lesão. Dessa forma, uma criança poderá ter a movimentação pouco afetada e apresentar
sérias dificuldades intelectuais, como pode também acontecer o contrário.
É importante ressaltar que, mesmo com muitas definições dadas ao termo paralisia
cerebral, todos os autores assinalam algumas características de fundamental importância
para a compreensão dessa disfunção cerebral:
• Paralisia cerebral não é doença, mas uma condição especial, que freqüentemente
ocorre em crianças antes, durante ou logo após o parto, e quase sempre é o resultado
da falta de oxigenação no cérebro.
• Os efeitos da paralisia cerebral variam grandemente de pessoa para pessoa. Na forma
mais leve, a PC pode resultar em movimentos desajeitados ou em controle deficiente
das mãos. Na sua forma mais severa, a PC pode resultar em falta de controle muscular,
afetando profundamente os movimentos globais e a fala.
• Paralisia cerebral é um termo genérico para descrever um grupo heterogêneo de
déficits motores. Várias classificações são utilizadas para descrever tais déficits. De
uma forma geral, deve ser feita por tipo clínico e pela divisão da localização da lesão
no corpo ( Souza, 1998).
Classificação por tipo clínico

Esta classificação tenta especificar o tipo da alteração de movimento que a criança
apresenta:
1 - Espástica: Os músculos são muitos tensos, o que limita ou impossibilita os movimentos
do corpo. A criança espástica é dura demais para mover-se, todo movimento é lento e exige
um grande esforço. É o tipo mais comum de paralisia cerebral;
2 - Extrapiramidal: A lesão ocorreu em uma região do cérebro chamada núcleos da base.
 Os músculos possuem um grau de tensão variável, o que resulta em uma realização de
movimentos indesejáveis, involuntários. É o segundo tipo mais comum de paralisia cerebral
e pode ser dividido em:
2.1 - Atetóide: Há variação no grau de tensão dos músculos das extremidades do corpo
(em relação aos braços, essa variação ocorre nas mãos), levando à realização de movimentos
lentos, contínuos e indesejáveis, que são muito difíceis de dosar e controlar. A criança atetóide
tem grande dificuldade de realizar o movimento voluntário e manter a mesma postura por
muito tempo;
2.2 - Coréico: Há variação no grau de tensão dos músculos das raízes dos membros
(em relação ao braço, esta variação ocorre nos ombros), levando à realização de movimentos

rápidos e indesejáveis. A criança coréica pode ter dificuldade para realizar o movimento
voluntário;
2.3 - Distônico: Há um aumento repentino da tensão do músculo, levando à fixação
temporária de um segmento do corpo em uma postura extrema;
3 - Atáxico: A lesão ocorreu em uma região do cérebro chamada cerebelo, responsável,
entre outras coisas, pelo equilíbrio. Os movimentos são incoordenados e bruscos. Pode haver
a presença de um certo tremor. A criança atáxica tem dificuldade em manter uma postura
parada. É um tipo raro de paralisia cerebral.
Cabe ressaltar que é muito comum haver uma combinação desses tipos de paralisia cerebral
apresentados, caracterizando o que alguns autores chamam de paralisia cerebral mista.
Dependendo da localização do corpo que foi afetada, os tipos abaixo apresentam
subdivisões que poderíamos chamar de anatômicas:
Diparesia: Quando os membros superiores apresentam

melhor função do que os membros inferiores, isto é,
quando eles apresentam menor acometimento.
Hemiparesia: Quando apenas um lado do corpo é

acometido, podendo ser o lado direito ou esquerdo.
Tetraparesia: Quando os quatro membros estão

igualmente comprometidos;
Para evitar confusão, não usamos termos que o leitor pode encontrar em outras

publicações, como paraplegia, triparesia, dupla hemiplegia, etc. Todos são termos adicionais
que muitas vezes tornam o diagnóstico confuso; estas classificações também baseiam-se no
local do corpo acometido.
A classificação por severidade do comprometimento motor, isto é, leve, moderado e
severo ou grave, é geralmente usada em combinação com a classificação anatômica e a
clínica: por exemplo hemiparesia espástica grave (SOUZA & FERRARETTO, 1998).
DIFICULDADES DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO • DEFICIÊNCIA FÍSICA-MEC/2006- BRASÍLIA-DF

Deficiência Fisíca

O que é deficiência física?
Definição:

A deficiência física refere-se ao comprometimento do aparelho locomotor que
compreende o sistema osteoarticular, o sistema muscular e o sistema nervoso. As doenças
ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem
produzir quadros de limitações físicas de grau e gravidade variáveis, segundo(s) segmento(s)
corpora(is) afetado(s) e o tipo de lesão ocorrida. (http://www.entreamigos.com.br)
Tipos/características:
• Lesão cerebral (paralisia cerebral, hemiplegias)
• Lesão medular (tetraplegias, paraplegias)
• Miopatias (distrofias musculares)
• Patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla, esclerose)
• Lesões nervosas periféricas
• Amputações
• Seqüelas de politraumatismos
• Malformações congênitas
• Distúrbios posturais de coluna
• Seqüelas de patologias da coluna
• Distúrbios dolorosos da coluna vertebral e das articulações dos membros
• Artropatias
• Reumatismo inflamatório da coluna e das articulações
• Doenças osteomusculares (DORT)
• Seqüelas de queimaduras
Causas:
As causas são as mais diversas. Em seguida serão apresentadas algumas:
• Paralisia Cerebral: por prematuridade; anóxia perinatal; desnutrição materna; rubéola;
toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição.
• Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral.
• Lesão Medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca; acidentes
de trânsito; mergulho em águas rasas; traumatismos diretos; quedas; processos
infecciosos; processos degenerativos.
• Malformações congênitas: por exposição à radiação; uso de drogas; causas
desconhecidas.
• Artropatias: por processos inflamatórios; processos degenerativos; alterações

biomecânicas; hemofilia; distúrbios metabólicos e outros.
Fatores de risco:
• Violência urbana
• Acidentes de trânsito
• Acidentes desportivos
• Alto grau de estresse
• Tabagismo
• Maus hábitos alimentares
• Uso de drogas
• Sedentarismo
• Epidemias/endemias
• Agentes tóxicos
• Falta de saneamento básico
Sinais de alerta:
• Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê (não firmar a cabeça, não sentar,
não falar no tempo esperado).
• Perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da sensibilidade em
membros superiores ou inferiores.
• Erros inatos do metabolismo.
• Doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas.
• Gestação de alto risco
Realizar exames pré e pós-natais favorecem a identificação e a prevenção primária e
secundária desses sinais de alerta, minorando assim o agravamento dos quadros de limitação
e de incapacidade.
Dados estatísticos:
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que , em tempos de paz, 10% da população
de países desenvolvidos são constituídos de pessoas com algum tipo de deficiência. Para os
países em vias de desenvolvimento estima-se de 12 a 15%. Desses, 20% seriam portadores de
deficiência física. Considerando-se o total dos portadores de qualquer deficiência, apenas 2%
deles recebem atendimento especializado, público ou privado. (Ministério da Saúde –
Coordenação de Atenção a Grupos Especiais, 1995). (http://www.entreamigos.com.br/)
Saberes e práticas da inclusão- MEC/2006 Brasília DF

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS / NEURO-MOTORAS

Segundo Wilson (1971), grande parte das crianças que têm deficiências físicas é
beneficiada com somente algumas modificações no ambiente físico, nos materiais
e equipamentos utilizados para a atividade escolar.
1. Não apresentam deficiências mentais e podem aprender através dos mesmos
métodos empregados com crianças não deficientes. Portanto, métodos especiais
de ensino só são necessários para as crianças cujas deficiências físicas
sejam complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões
neurológicas.
2. Não requerem revisões drásticas de currículo. Podem ser necessárias certas
adequações em programas de estudo, sobretudo nos casos em que a deficiência
é permanente e influenciará grandemente a aptidão vocacional e social
futura. A falta de experiências comuns, a ausência às aulas e a necessidade
de produzir lentamente podem aumentar o tempo requerido para completar
os cursos previstos. Um currículo rígido, inflexível, certamente falhará em
satisfazer as necessidades desses alunos, mas não há razão para que a habilidade
e a flexibilidade dos professores e administradores educacionais não
resultem em soluções satisfatórias para a maioria dos problemas escolares.
3. De modo geral, a finalidade da educação é a mesma, em essência, tanto para
os alunos portadores de deficiência, como para os não deficientes. Pode, entretanto,
se mostrar necessário que se elabore um plano de ensino específico
para uma determinada criança, em função de sua condição física e na medida
em que esta última continue a ser um fator limitativo de sua capacidade...”
A autora continua sugerindo, dentre as adequações mais comumente necessárias:
Modificações nos recursos físicos dos prédios escolares
1. Colocação de pequenos degraus inclinados ou rampas.
2. Colocação de corrimões próximos a bebedouros, a assentos dos banheiros e
à lousa.
3. Remoção de carteiras, de forma a possibilitar a passagem de cadeira de rodas,
ou facilitar a locomoção de alunos com muletas.
4. Modificação, no mobiliário, de forma a promover maior conforto a crianças
que usam tipóia, órteses e próteses.
5. Tapetes antiderrapantes, nas áreas escorregadias.
6. Portas largas.
7. Cantos arredondados no mobiliário.
Modificações na sala de aula
1. Forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar
a escrita para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação
motora, espasticidade.
2. Colocar canaletas de madeira ou de P.V.C. cortado ao meio, em toda a volta
da carteira, para evitar que os lápis caiam ao chão.
3. Providenciar suportes para livros.
4. Providenciar um vira-páginas mecânico.
5. Providenciar assentos giratórios nas carteiras, para facilitar o movimento de
levantar e de sentar.
6. Providenciar descanso para os pés.
7. Providenciar extensões adicionais com dobradiças em carteiras, para crianças
que têm pouco equilíbrio para permanecer sentadas.
8. Aumentar o calibre do lápis, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou ainda
espuma, para facilitar a preensão.
9. Providenciar equipamentos como cadeiras ajustáveis, mesas que podem ser
erguidas, estabilizadores, mesas talhadas, enfim, mobília que atenda problemas
específicos de levantar e de sentar.
10. Providenciar ajudas técnicas conforme as necessidades do aluno.
Adequações de Recursos Educacionais
Como com qualquer outro aluno, o professor deverá estar atento ao processo
de ensino e aprendizagem, para identificar as necessidades peculiares do aluno
com deficiência física.
Crianças com lesões cerebrais às vezes apresentam dificuldades nas funções
perceptuais, tais como discriminar cor, forma, número, tamanho, natureza e
semelhança de objetos. Neste caso, deve-se acrescentar objetivo (s) educacional
(is) para esse aluno em particular, com o (s) correspondente (s) conteúdo (s) de
estimulação psicomotora.
Crianças que apresentem dificuldades de apreensão de conceitos podem ser
auxiliadas nesse processo se o professor planejar o ensino organizando objetos
em categorias, enfatizando os aspectos e/ou itens relevantes em um contexto,
privilegiando experiências concretas antes de proceder ao estágio abstrato do
trato dos símbolos numéricos, por exemplo.
“Auxílios sinestésicos, tais como números para recortar, ou de lixa, que podem
ser percebidos pelo tato, podem também ser bons auxiliares do ensino. Pode-se
usar cores para fazer sobressair às configurações e auxiliar, assim, a percepção
dos objetos e textos”. (Wilson, 1971)
Ainda outras recomendações são feitas, no sentido de se analisar os objetivos
educacionais e por conseqüência, os conteúdos a serem trabalhados com o aluno,
visando sempre lhe favorecer o exercício de participação no debate de idéias e
no processo decisório quanto a sua própria vida e à vida da comunidade. Assim,
pode ser útil favorecer ao máximo o enriquecimento de sua experiência de vida,
através de: “1. integração íntima com a vida da escola 2. Estimulação de interesses
e orientação à criatividade nas atividades de recreação 3. Estimulação da
iniciativa e da capacidade de liderança do aluno 4. Estimular a experiência da
vida na comunidade 5. Estimular a ampla utilização das bibliotecas públicas e
da escola” (Wilson, 1971).
No que se refere às atividades de leitura, recomenda-se que esta seja estimulada,
respeitada as adequações que se fazem necessárias. A leitura silenciosa, por exemplo,
pode se tornar fonte de prazer, estímulo do pensamento criador e via de acesso
a ilimitadas oportunidades de experiência pessoal para a criança com grandes
dificuldades motoras de comunicação oral.
A criança que tem grandes dificuldades de desenvolver uma comunicação oral
funcional pode ser bastante beneficiada por formas alternativas de comunicação
social, tais como: por escrito, através do uso de quadros de conversação (cadernos
de signos, livros de comunicação, os quais são cadernos ou livros que contêm
figuras correspondentes a substantivos, adjetivos, verbos, advérbios mais comumente
utilizados na linguagem coloquial do cotidiano), através do uso de caixas
de palavras com figuras, de máquinas de escrever, de computador.
“O professor ativo e criador é capaz de encontrar várias maneiras para favorecer o
desenvolvimento da coordenação física, à medida que a aprendizagem acadêmica
do aluno progrida. Equipamento especial pode também ser pensado, e organizado,
com o auxílio de um fisioterapeuta ou de um terapeuta ocupacional”.

Os tipos de paralisia cerebral já identificados estão assim classificados: espasticidade,atetose, ataxia, rigidez e tremores.

• Espástica – Aproximadamente 60% das paralisias cerebrais encontram-se
neste grupo. O maior dano se dá no córtex motor. Os músculos são facilmente
irritáveis e contraem-se a partir da menor estimulação. A criança espástica
apresenta rigidez muscular, ou tensão muscular. Isto significa dizer que os
movimentos são rígidos, lentos e desajeitados. Esta rigidez tende a aumentar
quando a criança vai emitir um comportamento voluntário, quando está
aborrecida ou excitada, ou ainda, quando o seu corpo está em determinadas
posições. O padrão de rigidez varia muito de criança para criança, mas o
primeiro passo para facilitar que esta criança manipule e explore os objetos
é a mesma estar bem posicionada.
• Atetóide - A atetose consiste em movimentos arritmados, concorrentes
com movimentos voluntários, de forma que o resultado é a incoordenação
global. Os movimentos são lentos e contorcidos, ou súbitos e rápidos, nos pés,
braços, mãos ou músculos faciais. É como se os braços fizessem movimentos
nervosos, os pés dessem pequenos saltos, ou apenas uma mão ou um dedo
movessem sem intenção, dificultando pegar e manipular adequadamente
os objetos. Quando afetados os músculos da fala, as crianças apresentam
dificuldade em comunicar pensamentos e necessidades. Problemas de visão
também podem encontrar-se associados ao quadro, dificultando a fixação
visual para acompanhar os deslocamentos, bem como a dissociação dos movimentos
olho-cabeça. Com a intensificação da fixação da visão, podem vir a
se tornarem estrábicas.

• Atáxica – Neste tipo de paralisia cerebral, a área cerebral afetada é o cerebelo.
Suas principais características são: o desiquilíbrio motor, a falta de coordenação
e o nistagmo, que é um rápido movimento dos olhos. As crianças com
ataxia podem apresentar dificuldade para sentar-se ou ficar de pé, caindo com
freqüência e fazendo uso das mãos de maneira muito desajeitada. Geralmente,
necessitam de suporte físico para permanecer sentadas, sem cair.
• Ainda outros tipos, embora raros - rigidez, tremor, hipotonia muscular,
dificuldades de fala, distúrbios da visão, da audição e do tato.
A paralisia cerebral também está classificada em três padrões típicos, dependendo
do membro atingido (das partes do corpo atingidas): hemiplegia, paraplegia e
tetraplegia.
• Hemiplegia - braço e perna do mesmo lado. O braço é dobrado; mão espástica
ou flácida, devido ao pouco uso. Já a perna atingida se apóia na ponta
dos pés, ou na lateral externa do pé.
• Paraplegia - somente as duas pernas encontram-se afetadas, podendo haver
ligeiro comprometimento de outras partes (diplégico). A parte superior do
corpo geralmente não é afetada. A criança pode apresentar contraturas nos
pés e nos tornozelos.
• Tetraplegia – são afetados tanto os membros superiores, como os inferiores.
Ao caminhar, os braços, a cabeça e a boca podem sofrer contrações, os joelhos
encostados um no outro, pernas e pés voltados para dentro. Muitas das
crianças com tetraplegia têm uma lesão cerebral tão severa, que dificilmente
poderão vir a andar.
Por alguns meses após o nascimento, a criança afetada pela a paralisia cerebral
pode não apresentar qualquer problema visível. Pode-se levantar suspeitas,
entretanto, quando se observar que a criança não consegue agarrar um objeto,
aos três meses de idade, não consegue se virar, aos cinco meses ou sentar-se, por
volta dos sete meses. O diagnóstico se torna mais fácil, entretanto, à medida que
a criança cresce.
Tumores do Sistema Nervoso Central
Há uma grande variedade de tumores que podem afetar o sistema nervoso
central, podendo se localizar no cérebro, ou na medula espinhal. Esses tumores
podem ser benignos ou malignos. Mesmo os benignos, entretanto, podem levar a
óbito, se não diagnosticados, tratados e/ou removidos (seja por extirpação cirúrgica,
seja por tratamento medicamentoso) a tempo.
As conseqüências da presença de um tumor no sistema nervoso central vão ser
determinadas por sua localização. Se ele estiver localizado no cérebro, por exemplo,
as manifestações dependerão da área em que ele se encontra e das funções
que nela se realizam. Se estiver localizado na medula, afetará, necessariamente, o
funcionamento de membros inferiores e/ou superiores, dependendo da altura em
que se encontra localizado (paraplegia e quadriplegia)
Espondilolístese – deslocamento vertebral, causador de dor que pode variar em
sua intensidade, a ponto de inviabilizar a permanência da criança na sala de aula.
Atendimento médico fisiátrico, é essencial para o tratamento do problema.
Hérnia de Disco – neste caso, é o disco intervertebral que se desloca, dado o
enfraquecimento dos ligamentos que o mantêm no lugar. Os resultados desse
deslocamento são os mesmos do caso anterior, com dor que pode se tornar totalmente
incapacitante. Tratamento médico também se faz essencial, necessitando,
às vezes, de intervenção cirúrgica.
Neuralgias e Neurites – enquanto que as neuralgias são casos de inflamação de
qualquer nervo periférico do corpo, acompanhado de intensa dor, as neurites são
casos em que, além da inflamação, pode ocorrer uma variedade grande de lesões,
freqüentemente degenerativas em sua natureza. Assim, estas podem provocar
paralisias parciais ou totais da área afetada, necessitando de intervenção médica
para seu tratamento.
Má Formação e Deformações Ósseas
Deficiências ósseas em crianças afetam principalmente os membros superiores e
inferiores, a espinha e as articulações. Tais deficiências prejudicam a criança no
que se refere a andar, sentar, ficar em pé e usar as mãos. Podem ser congênitas,
se a criança nasce com elas, ou adquiridas, sendo então resultado de doenças
infecciosas, de disfunções relativas ao desenvolvimento ou de acidentes. Anormalidades
nos pés e tornozelos são as mais comuns dentro do tipo congênito. O
“pé torto”, deformação em que um ou ambos os pés são torcidos para dentro ou
para fora, no tornozelo, ocorre com muita freqüência. (Wilson, 1971)

Deslocamento congênito de quadris – Um quadril está deslocado quando o fêmur,
o osso da coxa, sai fora do encaixe no quadril. Alguns bebês já nascem com
um ou ambos os quadris deslocados e, quando corrigidos no tempo certo, não
resultarão em deformidades permanentes.
Escoliose – curvatura lateral da espinha (curvatura em “s”), de causa congênita
ou adquirida (postura errada, doença ou lesão), resultando em paralisia desigual
dos músculos das costas ou de inclinação do quadril devido à existência de uma
perna mais curta que a outra.
Quistos e tumores ósseos – também integram o grupo de causadores de deformidades.
Um quisto ósseo típico é uma lesão de desenvolvimento lento, que
destrói o osso, formando-se próximo a uma das extremidades do eixo de um osso
longo. Os tumores podem ser benignos ou malignos. Diagnóstico e tratamento
prematuros podem prevenir deformações graves. (Wilson, 1971).

DEFICIÊNCIAS FÍSICAS E NEURO-MOTORAS

Este texto tem por objetivo apresentar aos professores noções básicas acerca
das deficiências físicas, sejam elas de origem neurológica, ou não, focalizando especialmente
aquilo que possa interferir no processo de ensino e aprendizagem.
Para melhor comunicação didática, optou-se por apresentar as deficiências em
três categorias, conforme classificadas por Wilson (1971):
1. Deficiências Musculares e/ou Neuromusculares;
2. Deformações ósseas;
3. Limitação do vigor, da vitalidade e/ou da agilidade;
Deficiências Musculares e/ou Neuromusculares
As deficiências cujas manifestações exteriores consistem em fraqueza muscular,
paralisia ou falta de coordenação, geralmente são designadas mais apropriadamente
como neuro-musculares, uma vez que as dificuldades encontram-se
mais freqüentemente nos centros e vias nervosas que comandam os músculos,
do que nos músculos em si. Lesões nervosas podem ser causadas por infecções
ou por lesões ocorridas em qualquer fase da vida da pessoa, podendo também
ocorrer por uma degeneração sem causa aparente. (Wilson, 1971)
Distrofia Muscular Progressiva – é o termo utilizado para as doenças cuja caracterização
é a degeneração e debilitação gradual dos músculos. Sua causa pode
estar na imperfeição do funcionamento do metabolismo, que resulta na falta de
nutrição dos músculos, na disfunção das glândulas endócrinas ou na deficiência
dos nervos periféricos. Afeta principalmente os meninos (sendo raro em meninas).
Os órgãos comprometidos são especialmente os músculos do esqueleto e às
vezes, os músculos cardíacos. Os sintomas começam a ser percebidos por volta do
segundo ano de idade, já que a criança apresenta uma tendência de andar sobre
as pontas dos pés e a cair. Raramente ela consegue correr. Mais ou menos aos
três anos de idade, a criança deixa de apresentar as contrações no joelho, embora
as de tornozelo demorem mais para desaparecer. Quando chega à adolescência,
o paciente geralmente não mais consegue andar. Sua respiração se torna cada
vez mais curta e vai, geralmente, a óbito, devido a infecção respiratória. Por não
existir nenhum medicamento para o tratamento deste quadro, bem como terapias
ou exercícios especiais que impeçam o aumento da fraqueza dos músculos, é de
fundamental importância que a criança permaneça ativa, continuando com as
atividades normais, o quanto lhe for possível, ajudando-a a adaptar-se às próprias
crescentes limitações. Cerca da metade destas crianças podem apresentar, também,
alguma deficiência mental; quando não, apresentam ótimo desempenho em
várias áreas. O objetivo de todo e qualquer tratamento da criança com distrofia
muscular deve ser o de ajudá-la a viver o melhor possível AGORA.
Esclerose Múltipla – outra doença degenerativa progressiva, caracterizada pela
desmielinização e destruição do tecido nervoso.
O desenvolvimento desta patologia envolve, inicialmente, períodos de intensa
fraqueza, fadiga, tontura, dificuldades com o controle urinário e distúrbios visuais.
À medida que ela progride, sua manifestação passa a se dar através de três
síndromes, que podem também se sobrepor.
• Síndrome espinhal – nesta, os sintomas mais comuns são: fraqueza, parestesias
e ataxias.
• Síndrome cerebral – quando a pessoa vivencia esta síndrome, ela pode
sofrer de hemiplegia, convulsões, distúrbios visuais, afasia e mesmo mudanças
bruscas nas características de sua personalidade.
• Síndrome tronco-cerebelar – neste caso, as manifestações mais comuns
são problemas da fala, nistagmo e tremores musculares, quando de movimentos
voluntários.
Poliomielite - Também conhecida como paralisia infantil, é a melhor conhecida das
doenças neuro-musculares. Doença infecciosa, pode ser causada por pelo menos
três tipos diferentes de vírus. Em intensidades variáveis, pode provocar a atrofia
e a degeneração das células nervosas afetadas, mudanças nas fibras nervosas
periféricas, paralisia, atrofia de tecido muscular, de tendão e ósseo. Em regiões
com higiene precária e falta de saneamento básico, a infecção da pólio espalhase
quando as fezes de uma criança doente atingem a boca de uma criança sadia.
Onde as condições sanitárias são melhores, a pólio espalha-se, principalmente,
através das tosses e espirros. Ela geralmente começa quando a criança é ainda
pequena, muitas vezes durante uma outra doença, como um resfriado forte ou
febre ou, às vezes, uma diarréia. A paralisia pode afetar qualquer parte do corpo,
mas mais comumente afeta as pernas. A paralisia não é progressiva, mas caso
não seja atendida com os tratamentos médicos e fisioterápicos adequados, pode
resultar em deformidades e atrofias. É importante se desenvolver todo esforço
possível para o encaminhamento e o atendimento da criança para os procedimentos
terapêuticos necessários. Já a maneira mais eficaz de prevenção é o uso
da vacina, que pode evitar até 70% dos casos.
Epilepsia - a epilepsia é um distúrbio cerebral, caracterizado por disritmias
eletroencefalográficas. Ela se manifesta através de diferentes tipos de crises,
podendo ser classificada de acordo com a natureza da lesão. Esta, por sua vez,
parece estar relacionada com o período de instalação e pela natureza da lesão
cerebral. As principais formas de epilepsia incluem:
• Pequeno mal – as crises deste tipo de epilepsia são caracterizadas por uma
perda transitória da consciência, que dura um máximo de 60 segundos. A
criança que tenha uma crise de pequeno mal perde a consciência, mas não
cai. Ela pode apresentar o olhar fixo, derrubar objetos, tornar-se pálida,
apresentar uma momentânea contração muscular, mais freqüentemente
quando a criança encontra-se sentada, sem se movimentar. Ao retornar ao
seu estado de consciência, rapidamente continua o que estava a fazer (por
exemplo: interrompe a leitura que estava fazendo, por alguns segundos, e
então continua a faze-lo). Ao professor, recomenda-se verificar qual conteúdo
a criança perdeu e qual conteúdo pôde apreender, já que quando vítima de
repetidas crises, a criança poderá ter seu processo de ensino aprendizagem
afetado pela ocorrência de sucessivos hiatos de consciência, não necessariamente
percebidos pela professora.
• Grande mal – as crises de grande mal se caracterizam por convulsões, com
manifestações tônicas e crônicas. A criança pode perceber “avisos” sensoriais,
os quais são denominados de aura. De maneira geral, a crise se caracteriza
por uma grande contração da musculatura, acompanhada por abundante
salivação e movimentos repetitivos da cabeça, dos braços e das pernas. Essa
crise é geralmente seguida de um sono profundo, que pode durar de cinco a
trinta minutos. Recomenda-se ao professor que, ao perceber uma crise, deite
a criança no chão, imediatamente, com a cabeça apoiada em algo macio, retirando
de junto dela objetos que a possam machucar (mobílias, pontas agudas,
etc). Não se deve jamais tentar introduzir objetos em sua boca (como lápis),
pois a tração mandibular é muito forte e pode machucar tanto a criança,
como o professor. É interessante virá-la de lado, para evitar que se afogue
com o excesso de salivação. Em todos os episódios, o encaminhamento
ao médico é essencial, para que as providências medicamentosas sejam
tomadas.

• Psicomotora – ocorre mais freqüentemente em adultos, apresentando
uma variedade de formas de manifestação. É o tipo menos conhecido de
epilepsia. O indivíduo que sofre uma crise pode passar por um breve momento
de ação automática, onde suas atitudes poderão parecer propositadas, mas,
na realidade, não as são. Ele fica em um estado de semi-consciência, podendo
desempenhar atos sem objetivo, ou mesmo inapropriados. Ele pode tirar as
roupas, lutar, dançar, cantar, chorar, correr, ou simplesmente fugir. Ele pode
também experimentar medo, ansiedade, tristeza ou outras emoções fortes.
Em casos raros, um comportamento agressivo destrutivo, ou atos de violência
criminosa podem ocorrer. Quando recuperado da crise, o sujeito pode não ser
mais capaz de lembrar o que fez, apresentando uma crise de mau humor.
• Focal (Jacksoniana) – esta forma é causada por lesões na área motora do
cérebro e é caracterizada por uma contração muscular incontrolável de uma
perna, um braço ou um lado do rosto. Em geral, não há perda de consciência
e às vezes, a crise pode se espalhar para ambos os lados.
Enxaquecas – dor de cabeça que afeta geralmente somente um dos lados da cabeça,
precedido por um período, que pode ser curto, de depressão, de irritabilidade
e perda de apetite. As crises de enxaqueca são geralmente acompanhadas de
fotofobia, náusea, vômitos e fobia por ruídos. Uma criança acometida de enxaqueca
necessita ser encaminhada para um quarto escuro e silencioso, podendo
também ser auxiliada pelo uso de analgésicos. É doloroso para ela permanecer no
ambiente agitado e barulhento da sala de aula. É também importante comunicar
a ocorrência das crises para os pais, de forma que atendimento médico possa ser
providenciado.
Paralisia Cerebral - termo utilizado para designar um conjunto complexo de distúrbios
da motricidade voluntária, isto é, do controle dos movimentos, uma vez
que é essa a parte afetada no cérebro. Estima-se que aproximadamente 2/3 das
pessoas que têm paralisia cerebral apresentam deficiência mental; entretanto,
freqüentemente o retardo mental é produto dos problemas de comunicação, ao
invés de uma deficiência básica. A paralisia cerebral pode ser causada por fatores
pré, peri e pós-natais. No período pré-natal encontram-se os defeitos genéticos,
anormalidades cromossômicas que podem produzir anormalidades estruturais no
cérebro e no esqueleto; erros de metabolismo, infecções maternas (como rubéola,
toxoplasmose ou sífilis), anóxia intra-uterina (causada pelo estrangulamento
pelo cordão umbilical ou por anemia da mãe, toxemia da gravidez) e intoxicações
(incompatibilidade de RH, exposição a radiação tóxica). Na fase peri-natal,
encontram-se principalmente os traumatismos (uso incorreto de fórceps, parto
rápido ou lento demais). Na fase pós-natal, são vários os fatores encontrados:
anóxia cerebral, infecções (encefalite, meningite), intoxicações (medicamentosa,
anestésica, de radiações), que podem resultar em dano cerebral. Considerando que
as células nervosas não se regeneram, uma vez danificadas assim o permanecem.
Entretanto, a tendência também é a de não ocorrer a piora do seu desempenho.
Já no que se refere aos movimentos, a postura corporal e os problemas a eles
relacionados podem melhorar ou piorar, dependendo da forma como cuidamos
da criança e também da extensão da lesão no cérebro. Isto significa que, quanto
mais cedo for iniciado um tratamento, mais melhoras poderão ser conseguidas
ao longo dos anos.
Gina Mitsunaga Kijima