Os conceitos sobre a deficiência que ainda povoam o imaginário de muitas pessoas e
professores, revelam a dicotomia presente em nossa cultura entre: perfeição / imperfeição,
deficiência / eficiência, normalidade / anormalidade. Esses conceitos influenciam e geram
sentimentos como: medo, tensão, ansiedade, insegurança, dó ou piedade quando a escola
recebe, pela primeira vez, uma criança cega. Esses sentimentos revelam atitudes negativas,
conscientes ou inconscientes, de rejeição, negação, fuga ou superproteção.
Amaral (1995) alerta-nos para o mecanismo de negação que se concretizam pelas formas
de atenuação, compensação e simulação. A compensação é encontrada com freqüência na
escola, em verbalizações tipo: “Ele é tão inteligente que nem parece cego” ou “Ela anda tão
bem como se não fosse cega”. Essas são formas simuladas de negação.
Os sentimentos de pena, piedade e comiseração são freqüentes em relação às pessoas com
deficiência visual, o que leva muitas vezes à atitude de superproteção tais como protegê-las em
casa ou em escolas especiais, guiar ou conduzir a criança, evitar que brinque com crianças
videntes, deixá-la sentada para não se machucar, falar por ela ou tentar resolver os seus problemas.
Esse conceito de deficiência como incapacidade e desvantagem, historicamente
construído, é que manteve as crianças com deficiência visual em escolas especiais ou as tem
conservado em atendimento segregado em salas de recursos até que estejam prontas para a
integração escolar.
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